Guarda Municipal faz ato de repúdio contra live em que ex-deputado faz discurso ódio contra instituição; Sinserpu e Fenaguardas querem providências.
Integrantes da Guarda Municipal de Juiz de Fora fizeram ato em frente à Câmara Municipal no início da tarde desta segunda-feira (29). A mobilização se deu em resposta a uma live feita na última sexta-feira (26) e publicada no perfil do vereador Sargento Mello Casal (PTB) no Instagram. No vídeo, o presidente Nacional do PTB, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), defendeu a desobediência civil e a violência contra guardas municipais que atuarem pelo cumprimento de decretos municipais que determinam restrições de atividades de comércio e serviços como medida de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
No protesto, os guardas municipais destacaram a revolta com as falas de Jefferson veiculadas pelo perfil do vereador Sargento Mello Casal. Também foi pontuado o repúdio da corporação às falas do presidente nacional do PTB, classificada como “criminosa”. Durante a ação em frente à Câmara Municipal, Mello chegou a descer e bateu boca com os presentes e, aos berros, classificou a manifestação como “uma vergonha” e “uma falta de respeito”.
Em sua conversa com o vereador Sargento Mello Casal, Roberto Jefferson defendeu a criação de milícias em Juiz de Fora para agredir os integrantes da Guarda Municipal. “Está precisando criar umas milícias em Juiz de Fora para dar um pau na Guarda Municipal. Um pau para quebrar.” O ex-deputado defendeu ainda a queima de veículos da Guarda e que se faça uma emboscada contra a corporação. “Dá pau neles de cacete. Bate no joelho, no cotovelo, no ombro. Bata para quebrar a articulação, e eles não vão voltar mais.”
Em outro trecho, Roberto Jefferson defendeu execuções públicas e que a insubordinação popular se volte contra as famílias de guardas municipais. Neste ponto, voltou a defender agressões, sob a alegação de que tais corporações agem com violência no cumprimento de decretos municipais de restrição de atividades. Ao voltar a defender emboscada contra os guardas, chegou a incitar o uso de armas de fogo. “Tem que deixar uma turma também armada”, disse, antes de completar. “O resto dá para enfrentar no cacete e na faca.”
Além de transmitidas em uma live no perfil do vereador Sargento Mello Casal no Instagram, as falas incitando a violência foram compartilhadas pelo parlamentar juiz-forano em sua conta, no modo IGTV, com a legenda “bobjeff e Mello”. No sábado, Mello usou o Instagram para comentar a polêmica em torno da live realizada com Roberto Jefferson, alegando que as falas foram tiradas de contexto. “Fizeram um corte nestas imagens”, alegou, apontando possíveis vieses políticos nos questionamentos O vereador fez críticas, em especial, a nota emitida pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Juiz de Fora (Sinserpu), também politizando a questão.
Resposta do vereador Sargento Mello
A Tribuna fez contato com a assessoria do vereador, que enviado a seguinte nota para o jornal:
“Cada cidadão é responsável por suas afirmações. Na live realizada na última sexta-feira, nenhuma palavra foi proferida por mim que denegrisse a imagem da guarda municipal. Falávamos sobre as consequências de ações relacionadas ao Covid no Brasil quando o Presidente do PTB, Roberto Jefferson, fez suas declarações com relação à guarda. Afirmei na live que ” aqui em Juiz de Fora a Guarda e a PM eles estão tranquilos”. Peço desculpas por não ter feito uma defesa incisiva, ainda durante a live porque fui pego de surpresa com as declarações de Roberto Jefferson.
Minhas ações e conduta durante toda minha vida profissional na Polícia Militar e na vida pública enquanto vereador sempre foram da promoção da ordem e respeito às legislações, e em favor da valorização dos profissionais e entidades da segurança pública. E continuarei a fazê-lo.
Em relação à manifestação realizada na tarde de hoje em frente à Câmara Municipal, afirmo que toda manifestação é legítima, desde que cumpra a legislação vigente. E o próprio Estatuto da Guarda Municipal não permite a utilização de fardamento, equipamentos e veículos para quaisquer atos que não o efetivo cumprimento do seu dever. E tão pouco esta instituição ser usada como instrumento político para atingir este vereador. Desta feita, os fatos serão encaminhados às autoridade competentes.”
Fonte: Tribuna de Minas
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